quarta-feira, 21 de setembro de 2016

ESTUDO DIRIGIDO 4º BIMESTRE 1º ANO


ESTUDO DIRIGIDO 4º BIMESTRE – DISSERTAÇÃO

 

v Neste bimestre, estudaremos a DISSERTAÇÃO

Assista ao vídeo e anote as principais características:


 

 

v Leia um texto dissertativo e as observações feitas sobre ele:

 

A ESTRUTURA DO TEXTO DISSERTATIVO


A Dissertação se caracteriza pela defesa de uma ideia, de um ponto de vista, ou pelo questionamento acerca de um determinado assunto. Para a fundamentação desse ponto de vista, o texto dissertativo utiliza uma estrutura argumentativa, pois é a partir desses argumentos que se justificará a ideia central da dissertação.
Em geral, para se obter maior clareza na exposição de um ponto de vista, costuma-se distribuir o texto dissertativo em três partes:

Introdução: em que se apresenta a ideia ou o ponto de vista a ser defendido;
Desenvolvimento ou Argumentação: em que se desenvolve o ponto de vista para tentar convencer o leitor, usando uma sólida argumentação, com exemplos, citações, ou fornecimento de dados;
Conclusão: em que se dá um fecho ao texto, coerente com o desenvolvimento, com os argumentos apresentados.

 Em um texto dissertativo não há, de forma alguma, a marca de interlocução. Argumenta-se para convencer um leitor hipotético, chamado de interlocutor universal. Portanto, em uma estrutura dissertativa a presença da 2ª pessoa, de vocativos implica uma inadequação ao tipo de texto a que se propõe.

A elaboração de uma dissertação não está centrada na função poética da linguagem e sim na colocação e na defesa de ideias, logo não se justifica o uso exagerado de figuras de linguagem em um texto dissertativo, pois os sub-textos que a linguagem figurada cria pode, de alguma forma, esvaziar o poder argumentativo do texto.
A seleção de argumentos e ainda a forma de argumentar serão decisivos para a estruturação e o sucesso do texto. A consistência da dissertação se deve, basicamente, à consistência dos argumentos escolhidos para defender o ponto de vista. A esse ponto de vista damos o nome de tese.
Acerca de um tema podemos obter vários pontos de vista diferentes. Por isso, é fundamental que se eleja, antes de tudo, a tese que será defendida a respeito daquele tema. Definida a tese, podemos selecionar os argumentos mais contundentes que possam sustentar a tese que se pretende defender.

 

Uma argumentação sustenta-se basicamente de quatro maneiras:

argumentos de valor universal - aqueles que são incontestáveis. Se dissermos, por exemplo, que sem resolver os problemas de família não se resolvem os das crianças de rua, vai ser difícil alguém contradizê-lo;
dados colhidos na realidade - as informações têm de ser exatas e do conhecimento de todos. Informações falsas ou sem respaldo suficiente não convencem ninguém;

citações de autoridade - neste caso, o embasamento pode vir dos principais autores sobre o assunto. É importante ler muito e se informar;
exemplos e ilustrações - recorrer a exemplos conhecidos, de domínio público, ajuda a fortalecer a argumentação.

 

Veja um bom exemplo de um texto dissertativo:

 

"A empregabilidade em ambiente de globalização"


              O processo de internacionalização da economia, conhecido como globalização, traz consigo uma nova visão da natureza do emprego. Agora, não basta estar apto a conquistá-lo, é também necessário conseguir mantê-lo, em um ambiente submetido a fortes pressões competitivas e em permanente mudança. A esse fenômeno dá-se o nome de empregabilidade, definida por Chiavenato como o "conjunto de competências e habilidades necessário para uma pessoa manter-se colocada na empresa".

A revolução da tecnologia da informação, a uniformização mundial dos padrões de consumo e as facilidades de comunicação e de transporte viabilizam o planeta, e não mais um país ou continente, como o espaço econômico disputado pelas empresas. Fluxos internacionais de informação, de capitais e de mercadorias, bem como a intensificação da competitividade, são a tônica da economia globalizada. 

Esse contexto está provocando rápidas e profundas alterações nos perfis profissionais exigidos pelas organizações. De início, educação básica completa tornou-se requisito imprescindível para o trabalhador comum habilitar-se a qualquer colocação, mesmo que não especializada. Flexibilidade, multifuncionalidade e capacidades de raciocínio e decisão também são competências crescentemente requeridas. Em atividades de maior qualificação, onde é ainda maior a obsolescência de conhecimentos técnicos, o profissional deve adotar a postura do aprendizado permanente, mantendo-se sempre atualizado e capacitado a acompanhar as transformações do mercado.

Tal empregabilidade é, portanto, o conceito-chave no mercado de trabalho contemporâneo. Significa criar e renovar, a cada dia, competências e habilidades profissionais, incluindo, não somente o domínio técnico de novos sistemas e tecnologias, mas também o aprimoramento contínuo em campos como a negociação, línguas estrangeiras, relacionamento interpessoal e compreensão de valores de outras culturas e etnias.

As exigências atuais são tão intensas que Chivenato sugere, inclusive, a possibilidade da existência de "uma verdadeira seleção natural de espécies profissionais", referindo-se ao conceito darwiniano de luta pela sobrevivência. Nesse ambiente de feroz competição, o profissional moderno precisa, para garantir sua empregabilidade, ir além, colocando-se à frente das mudanças e tornando-se o agente de transformações que cria novas vantagens competitivas para ele próprio e para sua empresa.  

               

[Redação de um candidato ao mestrado de Administração da Fundação Getúlio Vargas]

 

Repare que na introdução já se percebe o tema a ser desenvolvido: a empregabilidade no mundo globalizado. Para embasar o conceito de empregabilidade e deixar claro o corte que será feito sobre assunto, cita-se Chiavenato, autor que escreveu sobre este tema. É a importância da leitura de vários tipos de texto que está sendo posta em prática aqui.

 

Nos parágrafos 2, 3 e 4 vemos o desenvolvimento da argumentação. O parágrafo 2 desenvolve a idéia de que "fluxos internacionais de informação, de capitais e de mercadorias, bem como a intensificação da competitividade, são a tônica da economia globalizada"; o parágrafo 3 traz como tópico frasal a idéia de que "o profissional deve adotar a postura do aprendizado permanente, mantendo-se sempre atualizado e capacitado a acompanhar as transformações do mercado". E parágrafo 4 centra-se na visão de que "tal empregabilidade é, portanto, o conceito-chave no mercado de trabalho contemporâneo."

 

Veja que esses argumentos servem de sustentação para a tese que se encontra na conclusão do texto: "o profissional moderno precisa, para garantir sua empregabilidade, ir além, colocando-se à frente das mudanças e tornando-se o agente de transformações que cria novas vantagens competitivas para ele próprio e para sua empresa."

 

Um texto dissertativo, ao contrário de uma narração, não apresenta uma progressão temporal; os conceitos são genéricos e não se prendem a uma situação de tempo e espaço, por isso o emprego de verbos no presente. Outra marca sintática é o uso da 3ª pessoa, preferivelmente, pois se trata de uma linguagem sóbria, denotativa.

 

Perceba, também, nesse texto, o correto emprego dos conectivos encadeando os parágrafos. Esse mecanismo é fundamental para deixar o texto claro e coeso.

 

Agora, veja uma proposta de produção textual do vestibular da PUC-RJ

 

PUC - RIO 2015

 

Produza um texto dissertativo-argumentativo – com cerca de 25 linhas e título –, em terceira pessoa, comentando a frase do naturalista escocês/norte-americano John Muir (1834-1914): “O poder da imaginação nos faz infinitos”, seja para concordar com ela, seja para contradizê-la. Além disso, deve-se citar algum pensamento, frase ou ideia do artigo abaixo, inserindo a fonte de referência em seu texto (Marcelo Gleiser, no texto “A festa da imaginação”...).

 

 

A festa da imaginação

Marcelo Gleiser1

 

 

Quando era garoto, costumava passar as férias de verão na casa dos meus avós, em Teresópolis, uma cidade na serra dos Órgãos, perto do Rio. Eram 80 km de viagem, os últimos 25 km atravessando montanhas, uma sequência espetacular de picos de granito. O Fusca do meu pai subia com muito esforço. Mas pouco me importava: torcia mesmo para que o carro avançasse bem devagar. Assim, tinha mais tempo de olhar pela janela, acompanhando a incrível transformação do cenário, do caos urbano de Copacabana às montanhas sublimes, recortadas por centenas de milhões de anos de erosão, revestidas aqui e ali pela inigualável mata atlântica. Para meus olhos de criança, a transformação da cidade em montanhas, dos prédios no majestoso Dedo de Deus, dos vasos de planta na explosão de orquídeas e bromélias, era algo de mágico. [...] O Carnaval era sempre lá, na casa das montanhas. Minha família escapava do calor e do buchicho, e íamos aos bailes vestidos de pirata e de cowboy, pulando e marchando ao som da banda ao vivo. Era uma grande festa da imaginação, cada um sendo o que queria ser, mas não podia. Crescer é perder a capacidade de imaginar que o imaginado é o real; é erguer cada vez mais a muralha entre a realidade e a imaginação, ficar sensato, esquecer-se de manter a mente aberta para contemplar o impossível.

Nessas horas de nostalgia entendo por que acabei virando cientista. Queria ter uma vida em que a imaginação não é aprisionada pelo bom senso. É bem verdade que nenhuma criança pede para se fantasiar de Einstein ou de Santos Dumont – se bem que já saí com a Unidos da Tijuca vestido como o dito cujo. Mas poderiam: um reinventou o que é o espaço e o tempo; o outro inventou como podemos voar. São exemplos de pessoas que cresceram se recusando

a crescer, ao menos sem erguer uma muralha intransponível entre realidade e imaginação. Pelo contrário, mostraram que é possível transformar a realidade em algo aparentemente mágico usando justamente a imaginação.

É esse o aspecto mais cativante da ciência, recriar o mundo. Imagino a cara do meu avô se me visse falando num iPhone, ele no Rio e eu em Teresópolis; ou se usasse o seu GPS para evitar o trânsito na avenida Brasil; ou se olhasse para o céu noturno e vislumbrasse satélites cruzando a escuridão; ou se visse imagens de mundos distantes, trazidas por telescópios espaciais.

Que mundo mágico esse em que vivemos, hein, vô? E que pena que pouco ligamos para essa mágica toda ou paramos para refletir que ela vem justamente dessas pessoas que têm um compromisso aberto com a imaginação.

 

GLEISER, Marcelo. A festa da imaginação. Folha de S. Paulo, 8 de agosto de 2014.

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cienciasaude/154556-a-festa-da-imaginacao.shtml>.

1 Marcelo Gleiser é escritor e professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA).

 

 

 

 

 

 

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